Uma professora de Português passando por uma cidadezinha do
interior de Minas estava horrorizada com os erros de Português das
placas das lojas.
"Ficina do Jorge", "Açôgue do Berto", "Farmácia Minino
Jesus", e por aí vai.
De repente avista uma placa escrita de modo
perfeito: "Alfaiataria Águia de Ouro".
Feliz pelo achado, resolve entrar e parabenizar o proprietário:
-
Meus parabéns. Saiba que a sua placa é a única escrita corretamente na
cidade. Além disso, o nome é muito bonito: "Águia de Ouro"!
- Cuméquié?
O alfaiate corre para fora e olha para a placa.
- Disgramado do letrista! Iscreveu nadica do que pedi!!
- Ué, meu senhor. Algo errado? - pergunta a professora.
- Craro. O disgramado botô o acento no lugar errado. O nome certo é "Alfaiataria Agúia de Ouro
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
sábado, 6 de novembro de 2010
TIPOS DE ASSALTANTES ( DIVERSIDADE LINGUÍSTICA)
Assaltante Cearense:
Ei, bixim...
Isso é um assalto...
Arriba os braços e num se bula nem faça munganga...
Passa vexado o dinheiro senão eu planto a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora...
Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia...
Assaltante Mineiro:
Ô sô, prestenção...
Isso é um assartin, uai...
Levanto os braço e fica quetin que esse trem na minha mão tá cheio de bala...
Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje...
Vai andando, uai, tá esperando o que, uai.
Assaltante Gaúcho:
O gurí, ficas atento...
Báh, isso é um assalto...
Levantas os braços e te aquieta, tchê!
Não tente nada e tome cuidado que esse facão corta que é uma barbaridade...tchê!
Passa os pilas prá cá!
E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala!
Assaltante Carioca:
Seguiiiinnte, bicho...
Tu ta lascado, isso é um assalto...
Passa a grana e levanta os braços rapa... Não fica de bobeira que eu atiro bem pra cacete...
Vai andando e se olhar pra trás vira presunto...
Assaltante Baiano:
Ô meu rei...(longa pausa)... isso é um assalto...
Levanta os braços, mas não se avexe não...
Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado...
Vai passando a grana, bem devagarinho...
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado...
Não esquenta, meu irmãozinho, vou deixar teus documentos na próxima encruzilhada...
Assaltante Paulista:
Ôrra, meu... Isso é um assalto, cara...
Alevanta os braços, meu...
Passa a grana logo, ô meu...
Mais rápido,ô meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pa comprar o ingresso do jogo do Curintia, meu...
Pô, se manda, meu.
Ei, bixim...
Isso é um assalto...
Arriba os braços e num se bula nem faça munganga...
Passa vexado o dinheiro senão eu planto a peixeira no teu bucho e boto teu fato pra fora...
Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia...
Assaltante Mineiro:
Ô sô, prestenção...
Isso é um assartin, uai...
Levanto os braço e fica quetin que esse trem na minha mão tá cheio de bala...
Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje...
Vai andando, uai, tá esperando o que, uai.
Assaltante Gaúcho:
O gurí, ficas atento...
Báh, isso é um assalto...
Levantas os braços e te aquieta, tchê!
Não tente nada e tome cuidado que esse facão corta que é uma barbaridade...tchê!
Passa os pilas prá cá!
E te manda a la cria, senão o quarenta e quatro fala!
Assaltante Carioca:
Seguiiiinnte, bicho...
Tu ta lascado, isso é um assalto...
Passa a grana e levanta os braços rapa... Não fica de bobeira que eu atiro bem pra cacete...
Vai andando e se olhar pra trás vira presunto...
Assaltante Baiano:
Ô meu rei...(longa pausa)... isso é um assalto...
Levanta os braços, mas não se avexe não...
Se num quiser nem precisa levantar, pra num ficar cansado...
Vai passando a grana, bem devagarinho...
Num repara se o berro está sem bala, mas é pra não ficar muito pesado...
Não esquenta, meu irmãozinho, vou deixar teus documentos na próxima encruzilhada...
Assaltante Paulista:
Ôrra, meu... Isso é um assalto, cara...
Alevanta os braços, meu...
Passa a grana logo, ô meu...
Mais rápido,ô meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pa comprar o ingresso do jogo do Curintia, meu...
Pô, se manda, meu.
ERROS ORTOGRÁFICOS MAIS COMUNS NO PORTUGUÊS
Erros ortográficos mais comuns no português
O português é de fato uma língua pouco democrática. Suas nuances, detalhes, flexões, acentos, regras, tudo isso pode até servir de matéria prima para o escritor erudito e ilustrado, mas para 99% da população é simplesmente impossível falar e escrever com um português impecável. Alguma hora você separa sujeito e predicado com vírgula, escreve através com "z" ou erra o lugar da crase. Não tem jeito. Claro que o imporante é passar a mensagem, mas para evitar esse tipo de constrangimento, especialmente no caso dos professores, é prudente dar uma olhada nos erros mais comuns do nosso belo e complexo português. Veja abaixo.RETIRADO DO BLOG DO LUIS NASSIF: Na discussão de idéias, um dos recursos mais apelativos é o de corrigir os erros de português da parte contrária. É recurso mesquinho. Aqui no Blog temos comentaristas que vivem da palavra (professores, jornalistas, intelectuais), técnicos das mais diversas áreas que trazem contribuições expressivas, mas podem vacilar no emprego de uma ou outra palavra, pessoas com ótimas idéias e mau português.
As idéias têm preponderância sobre a forma.
Acontece que a convivência com os comentários, aqui, acaba fazendo com que algumas palavras escritas incorretamente acabem sendo incorporadas no vocabulário geral -justamente pelo pudor de não corrigir os erros.
Então, proponho que montemos um post periódico com os erros mais comuns observados, para correção geral de rumos.
Alguns que tenho reparado (para serem completados por vocês):
Acessor – a forma correta é assessor.
Palavras terminadas em izar.
E a bola fica com os senhores para completar nossos ajustes.
Por Marco Antonio
Noto muito a palavra ” excessão”, quando o correto é ” exceção”.Mandato judicial ou mandato de segurança (o certo é mandado judicial ou mandado de segurança. Mandato é procuração, ou tempo de duração de cargo eletivo. Mandado é qualquer ordem judicial).
Degladiar: o certo é digladiar
Haja visto: é haja vista
“Haviam” ou ” faziam” no sentido de existiam: o certo é “havia”, não há flexão. Ex: havia cinco anos, fazia cinco anos.
”afim”, quando se quer dizer a fim. Afim significa semelhante. A fim signfica ” com o objetivo de”.
Por Nonato Amorim
Presado = prezadoPor Mario Siqueira
excessão- o correto é exceção (nada a ver com excesso);implica em… – com o verbo implicar, no sentido de “ter como consequência” não se usa a preposição “em”. Exemplo (correto): “excesso de velocidade implicou acidente”.
Por Lima
Erro comum é trocarDE encontro a
com
AO encontro DE
- De encontro é, em oposição, contrário a algo
- Ao encontro de é, favorável a alguem ou idéia (por exemplo)
sessão, cessão e seção
SEÇÃO dignifica corte, segmento, setor (setor de esportes);
CESSÃO é o ato de ceder (transferir ou doar algo); e
SESSÃO (com três esses) significa intervalo de tempo de uma reunião para determinado fim.
Outras palavras que podem nos confundir:
acender = pôr fogo
ascender = subir, levantar
amoral = desconhecedor da moral
imoral = contra a moral
apreçar = marcar o preço
apressar = acelerar, ter pressa
arrear = pôr arreios
arriar = abaixar
bucho = estômago, barriga
buxo = arbusto
broxa = pincel
brocha = prego, tacha
caçar = ir à caça, buscar
cassar = anular, tornar sem efeito
cela = cadeia, quarto
sela = arreio
chá = bebida
xá = título de soberano no Irã
chalé = casa campestre
xale = cobertura para os ombros
xeque = lance do jogo de xadrez, contratempo
cheque = talão de cheque
comprimento = extensão
cumprimento = saudação
concertar = combinar
consertar = remendar, reparar
conjetura = suposição, hipótese
conjuntura = situação
coser = costurar
cozer = cozinhar
deferir = conceder, permitir
diferir = adiar, diferenciar
descriminar = inocentar, absolver
discriminar = diferençar, distinguir
despensa = compartimento onde se guardam objetos em geral
dispensa = desobrigação, ser dispensado
discente = relativo a alunos
docente = relativo a professores
emergir = vir à tona
imergir = mergulhar
emigrante = o que sai
imigrante = o que entra
esperto = inteligente
experto = perito, expert
flagrante = evidente, pego em flagrante
fragrante = aromático, com fragrância
fuzil = arma
fusível = resistência
incipiente = iniciante (c de começo)
insipiente = ignorante
indefesso = incansável
indefeso = sem defesa, fraco
infligir = aplicar pena, multa
infringir (lembra infração) = transgredir, violar, desrespeitar
intercessão = súplica, rogo
interseção = ponto de encontro de duas retas, linhas
laço = laçada, nó
lasso = cansado, frouxo
ratificar = reforçar, confirmar
retificar = corrigir, consertar
tacha = brocha, pequeno prego
taxa = tributo
tachar = censurar, notar defeito em
taxar = estabelecer o preço
vultoso = volumoso
vultuoso = atacado de congestão na face
TEXTO DE HUMOR PARA REFLETIR SOBRE USO DA LÍNGUA
Na escola, a professora manda um aluno dizer um verbo qualquer e ele
responde: - Bicicreta. A professora, então, corrige: - Não é “bicicreta”,
é “bicicleta”. E “bicicleta” não é verbo. Ela tenta com outro aluno: -
Diga um verbo! Ele arrisca: - Prástico. A professora, outra vez, faz a
correção: - Não é “prástico”, é “plástico”. E “plástico” não é verbo. A
professora faz a sua última tentativa e escolhe um terceiro aluno: - Fale
um verbo qualquer! - Hospedar. A professora comemora: - Muito bem! Agora,
forme uma frase com esse verbo. – Os pedar da bicicreta é de prástico.
responde: - Bicicreta. A professora, então, corrige: - Não é “bicicreta”,
é “bicicleta”. E “bicicleta” não é verbo. Ela tenta com outro aluno: -
Diga um verbo! Ele arrisca: - Prástico. A professora, outra vez, faz a
correção: - Não é “prástico”, é “plástico”. E “plástico” não é verbo. A
professora faz a sua última tentativa e escolhe um terceiro aluno: - Fale
um verbo qualquer! - Hospedar. A professora comemora: - Muito bem! Agora,
forme uma frase com esse verbo. – Os pedar da bicicreta é de prástico.
O FAX DO NIRSO
O Fax do Nirso (Liderança)
O Gerente de Vendas, Sr. Gomes, recebeu o seguinte Fax de um de seus novos vendedores:
“Seo Gomis, o criente de Belzonte pidiu mais cuatrucenta pessa. Faz favor tomá as providenssa. Abrasso, Nirso”.
Aproximadamente uma hora depois, recebeu outro fax do “Nirso”:
“Seo Gomis, Os relatório di venda vai xegá atrazado proque to fexando umas venda. Temo que mandá mais treis mil pessa. Amanhã to xegando. Abrasso, Nirso”.
No dia seguinte, outro fax:
“Seo Gomis, num xeguei pucausa de que vendi mais deis mil pessa em Beraba. Tô indo pra Brazilha. Abrasso, Nirso”.
E no outro dia…
“Seo Gomis, Brazilha Fexô 20 mil pessa. Vô pra Frolinópolis e de lá pra Sum Paulo no vinhão das cete hora. Abrasso, Nirso”.
E assim foi o mês inteiro.
O Sr. Gomes, muito preocupado com a imagem da empresa, levou ao presidente as mensagens que recebera do vendedor.
O Presidente, escutou atentamente, olhou os faxes, e comentou:
- Deixa este problema comigo. Eu tomarei todas as providências necessárias.
No mesmo dia, ele redigiu de próprio punho um aviso e o afixou no mural da empresa, juntamente com as mensagens do “Nirso”:
“A parti de oje, nóis tudo vamo fazê feito o Nirso. Si priocupá menos em iscrevê serto, mode vendê maiz. Acinado, o Prezidenti”.
ERRO DE PORTUGUÊS
14/08/2003 - Erro de português vai render multa.
Rio cria lei municipal que já existe em São Paulo e que nunca puniu ninguém.
RIO - Maltratar a língua pátria não é crime, mas pode começar a pesar no bolso dos cariocas que errarem no português. Uma lei sancionada no início desta semana pelo prefeito do Rio, Cesar Maia, determina o início da cobrança de multa de R$ 55 por dia de quem exibir faixas, placas, letreiros ou outdoors com erros. A Prefeitura não sabe ainda como vai combater a chamada impunidade gramatical, mas, se depender do festival de atrocidades contra a língua portuguesa, o projeto, de autoria do vereador Pedro Porfírio (PDT), pode se transformar numa mina de ouro. Numa rápida ronda pela cidade, é possível flagrar uma série de erros. Até um órgão da prefeitura do Rio foi flagrado cometendo erros: numa placa de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), os motoristas são orientados a seguir para o “Cajú”, com acento. Mas a nova lei não é privilégio apenas do Rio. Na cidade de São Paulo já existe uma lei, criada durante a gestão do ex-prefeito Paulo Maluf, que a exemplo da sancionada agora pelo prefeito carioca pune com multa os comerciantes que exibam placas e faixas com erros de português. Mas até hoje ninguém foi multado na cidade por exibir cartazes ou faixas com erros de ortografia.
Rio cria lei municipal que já existe em São Paulo e que nunca puniu ninguém.
RIO - Maltratar a língua pátria não é crime, mas pode começar a pesar no bolso dos cariocas que errarem no português. Uma lei sancionada no início desta semana pelo prefeito do Rio, Cesar Maia, determina o início da cobrança de multa de R$ 55 por dia de quem exibir faixas, placas, letreiros ou outdoors com erros. A Prefeitura não sabe ainda como vai combater a chamada impunidade gramatical, mas, se depender do festival de atrocidades contra a língua portuguesa, o projeto, de autoria do vereador Pedro Porfírio (PDT), pode se transformar numa mina de ouro. Numa rápida ronda pela cidade, é possível flagrar uma série de erros. Até um órgão da prefeitura do Rio foi flagrado cometendo erros: numa placa de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Rio), os motoristas são orientados a seguir para o “Cajú”, com acento. Mas a nova lei não é privilégio apenas do Rio. Na cidade de São Paulo já existe uma lei, criada durante a gestão do ex-prefeito Paulo Maluf, que a exemplo da sancionada agora pelo prefeito carioca pune com multa os comerciantes que exibam placas e faixas com erros de português. Mas até hoje ninguém foi multado na cidade por exibir cartazes ou faixas com erros de ortografia.
(Fonte: Diário de São Paulo)
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
TEXTO: NOIS MUDEMO
"NÓIS MUDEMO"
O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto Nacional. Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar defeito. Sob 0 luar generoso, 0 cerrado verdejante era um presépio, todo poesia e misticismo.
Mas minha alma estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele jovem marcado pelo sofrimento, precocemente envelhecido, a crua recordação de um episódio que parecia tao banal ... Tentei dormir. Inútil. Meus olhos percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que 0 pano de fundo de um drama estúpido e trágico.
As aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz.
- Por que você faltou esses dias todos?
-É que nóis mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda.
Risadinhas da turma.
- Não se diz nóis mudemo", menino! A gente deve dizer: "nós mudamos, tá?
- Tá, fessora!
No recreio, as chacotas dos colegas: "Oi, nóis mudemo!" "Até amanhã, nóis mudemo!" No dia seguinte, a mesma coisa: risadinhas, cochichos, gozações.
-Pai, não vô mais pra escola!
- Oxente! Modi quê? Ouvida a história, 0 pai coçou a cabeça e disse:
- Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações da meninada! Logo eles esquece.
Não esqueceram.
Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. Ai me dei conta de que eu nem sabia 0 nome dele. Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lucio -Lucio Rodrigues Barbosa. Achei 0 endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá, uma tarde. 0 rapazola tinha partido no dia anterior para a casa de um tio, no sul do Pará.
- É, professora, meu fio não aguentou as gozações da meninada. Eu tentei fazê ele continua, mas não teve jeito. Ele tava chateado demais. Bosta de vida! Eu devia di té ficado na fazenda côa famia. Na cidade nóis nao tem veis. Nóis fala tudo errado.
Inexperiente, confusa, sem saber 0 que dizer, engoli em seco e me despedi.
O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de minha parte.
Uma tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar 0 ônibus, quando alguém me chamou. Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido, magro, com aparência doentia.
- O que é, moço?
- A senhora nao se lernbra de mim, fessora?
Olhei para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de
sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro.
- Não me lembro não, moço. Você me conhece? De onde? Foi meu aluno? Como se chama?
Para tantas perguntas, uma resposta lacônica:
- Eu sou "Nóis mudemo", lembra?
Comecei a tremer.
- Sim, moço . Agora lembro. Como era mesmo seu nome?
- Lucio -Lucio Rodrigues Barbosa.
- O que aconteceu com você?
- O que aconteceu? Ah! fessora! É mais fácil dizê 0 que não aconteceu. Comi 0 pão que 0 diabo amasso. E êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui bóia-fria, um "gato" me arrecadou e levou num caminhão pruma fazenda no meio da mata. Lá trabaiei como escravo, passei fome, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanta e doença. Até na cadeia já fui pará. Nóis ignorante às veis fais coisa sem querê fazé. A escola fais uma farta danada. Eu não devia de té saído daquele jeito, fessora, mas não aguentei as gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui fala direito. Ainda hoje não sei.
- Meu Deus!
Aquela revelação me virou pelo avesso. Foi demais para mim. Descontrolada, comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E abracei 0 rapaz, 0 que restava do rapaz, que me olhava atarantado.
O ônibus buzinou com insistência. O rapaz afastou-me de mim suavemente.
- Chora não, fessora! A senhora não tem curpa.
- Como? Eu não tenho culpa? Deus do céu!
para mim. O ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina.
Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele muda, nós mudamos, mudamos, mudaamoos, mudaaamooos... Superusada, mal usada, abusada, ela e uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna -a língua que a criança aprendeu com seus pais, irmãos e colegas -e se toma 0 terror dos alunos. Em vez de estimular e fazer crescer, comunicando, ela reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.
E os Lucios da vida, os milhares de Lucios da periferia e do interior, barrados nas salas de aula: "Não e assim que se diz, menino!" Como se 0 professor quisesse dizer: "Você está errado! Os seus pais estão errados! Seus irmãos e amigos e vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu! Você não seja você! Renegue suas raizes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu lugar! Seja uma sombra! E siga desarmado pelo matadouro da vida..." (Fidencio Saga
NOVA ORTOGRAFIA
Por Alfried Karl Plöger
Quarta-feira | 21 MAI 08
“Os benefícios da reforma ortográfica”
Uniformidade, viabilizada pelo referendo luso, torna o português língua oficial da ONU.
Considerando que, dentre as cerca de 210 milhões de pessoas incluídas no universo dos oito países da lusofonia, a grande maioria — 190 milhões — vive no Brasil, entende-se o porquê de, mais cedo ou mais tarde, todas as nações de língua portuguesa ratificarem internamente as mudanças, aprovadas em 1990. Assim, foi natural, tanto quanto importante, a aprovação que acaba de ser dada pelos portugueses. Desencadeia-se, desse modo, o processo de mudança, que deverá, já em 2010, estar visível em livros e outras publicações. Internacionalmente, a reforma converte o idioma em língua oficial da Organização das Nações Unidas.
Embora os portugueses, como legítimos donos da língua, tivessem resistido mais tempo às mudanças, a reforma terá impacto pequeno. Em seu país, as alterações atingem pouco mais de um por cento do total de palavras. É algo ínfimo ante os benefícios de ter um idioma reconhecido pela ONU. Afinal, é preciso entender que a ortografia-padrão facilitará sobremaneira o intercâmbio cultural, cuja principal mídia continua sendo a impressa. Livros de todos os segmentos — ficção, didáticos, paradidáticos e científicos —, documentos e escrituras internacionais, contratos comerciais e textos de todos os gêneros poderão circular livremente entre os países, sem necessidade de revisão. É o que já ocorre com o Espanhol. O ensino do Português também será padronizado.
Como é fácil perceber, a reforma ortográfica terá sensível impacto na indústria gráfica. À medida que avance, milhões de exemplares de livros, dicionários, apostilas, manuais e jogos estarão desatualizados. Terão de ser reimpressos, criando uma previsível demanda extra bastante atraente para o setor. Os itens ligados à educação e cultura deverão ser os primeiros a passar novamente pelas impressoras, pois é fundamental que tenham de imediato a nova base ortográfica. A internacionalização também favorece muito o trabalho de pré-impressão, considerando que o fornecimento de serviços para um cliente de Portugal, por exemplo, não exigirá mais a adaptação ortográfica da digitalização dos textos e editoração eletrônica.
Por mais puristas que sejamos quanto à língua portuguesa, é necessário compreender a importância e extensão da reforma ortográfica. A relação custo-benefício da mudança deverá acabar prevalecendo, até porque a nova ortografia não impedirá a espontânea e inevitável evolução regional da língua, um elemento vivo e sensível às peculiaridades culturais, políticas e socioeconômicas de cada país. A indústria gráfica, não só pela questão mercadológica, como pela responsabilidade intrínseca a um setor integrante da cadeia produtiva da comunicação, está-se preparando adequadamente para as mudanças, contribuindo, também, para a sua ampla e correta difusão.
Alfried Karl Plöger
Presidente da Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) e vice-presidente da Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas
'NOVA ORTOGRAFIA
- Nova Ortografia: Ficou fácil de aprender
Ernani Pimentel - A nova ortografia foi concebida pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que, assinado há dezoito anos, resultou da necessidade de diminuir as diferenças entre as formas de escrever adotadas pelos oito países signatários, quais sejam, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
- A rigor, para nós, brasileiros, introduz três tipos de alterações: introdução das letras K, W e Y; algumas mudanças na acentuação gráfica; algumas simplificações também no uso do hífen.
- Diferentemente do que se ouve de opiniões menos esclarecidas, não há alteração na Língua Portuguesa, que continuará a ser falada da mesma maneira diversificada, nos vários países e nas muitas regiões, quer de dentro, quer de fora desses mesmos países. A mudança acontece apenas na forma de escrever. Pode-se dizer que, passado o primeiro momento, de uma maneira geral, ficará mais fácil redigir.
- Há, nos meios especializados, um certo sentimento de frustração, pela posição tímida adotada, resultante de uma possível superficialidade no tratamento e soluções apontadas para alguns casos, com o que concordamos. Contudo, consideramos muito importante que tal acordo tenha sido assinado, pois trata-se de um primeiro passo, que chegou a parecer impossível de se realizar... é só notar que, desde a data da assinatura até o início da implantação, transcorreram nada menos que dezoito anos, demora que reflete um quê de desinteresse instalado em certos setores governamentais deste ou daquele país. Mas, insistimos, o importante foi ter dado o primeiro passo. A partir dele, poderemos agora discutir, trocar opiniões, analisar outros pontos de vista e sugerir novas melhoras, para tornar o uso da língua escrita mais simples.
- Vários órgãos de imprensa, entidades elaboradoras de exames vestibulares, de provas de concursos públicos, de seleção de funcionários para a iniciativa privada já adotaram o novo sistema ortográfico e, embora o prazo para adaptação vá até 2012, a realidade é que, quanto mais cedo se estudar e fixar a nova ortografia, mais cedo se resolve o problema.
- Muitos estão fazendo um bicho de sete cabeças, quando na realidade se pode entender e apreender tudo que houve de alteração em pouquíssimo tempo.
- Acabamos de escrever um livro histórico de 164 páginas intitulado ACORDO ORTOGRÁFICO DA LINGUA PORTUGUESA, direcionado àqueles que querem conhecer com detalhes o assunto, constituído de oito partes, que são: Quadro Sinótico, expondo todas as alterações; Resumo Comentado (adaptação sintética, de parágrafo por parágrafo, do texto lusitano, com comentários esclarecedores); Texto Original do Acordo, para os pesquisadores que pretendam sanar alguma dúvida interpretativa; Nota Explicativa Original (história e detalhes do Acordo); 175 Questões, com gabarito remissivo, elaboradas pelo Professor Everardo Leitão, abrangendo todos os itens do assunto; Outras 175 Questões, com gabarito remissivo, elaboradas pelo Professor José Almir Fontella Dornelles, percorrendo outra vez todo o Acordo; Legislação Pertinente (base que suporta legalmente a aprovação e implantação oficial; Artigos Críticos, que mostram alguns pontos que merecem retoques.
- Outro trabalho lançado é um livreto de bolso, de 20 páginas, chamado NOVA ORTOGRAFIA SIMPLIFICADA, que contém uma síntese de todas as mudanças importantes para os brasileiros, e oitenta exercícios de fixação, destinado aos que não têm interesse de abordar com mais profundidade o tema.
- Lançamos, ainda mais, para os que querem ter o professor no seu computador, dando aula e respondendo as dúvidas, o curso online NOVA ORTOGRAFIA SIMPLIFICADA, que permite a você, em dois ou três dias ficar tranquilo em relação ao assunto. Basta entrar no www.vestcon.com.br, ficou tudo muito fácil.
- E mais... Você poderá, a partir daí, ter uma visão mais crítica e enviar suas opiniões e sugestões para contato@simplificandoaortografia.com.br e nos ajudar a contribuir para a evolução do ensino em nosso país e nos outros que falam a nossa língua.
Professor Ernani Pimentel, ex-seminarista, gramático, com formação em Língua Portuguesa, Latim, e Lingüística, professor de Análise de Texto, com formação em Teoria e em Análise Literária.
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